segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dor na alma



Sinto uma dor na alma enorme, uma dor indescritível. É como se os hormônios estivessem todos zerados e eu estivesse oca por dentro. Levantar da cama está sendo um martírio. Assim que abro os olhos, inicia-se uma depressão miserável, o coração dispara, parece que estou com a pressão arterial lá em baixo, começo a suar, sinto uma aflição grande. O sofrimento é medonho e tento fechar os olhos novamente para não sentir esse horror. Via de regra eu consigo, pois tento desesperadamente me apagar novamente. Eu gostaria muito de não ver nada, de fugir, de ir para um lugar em que não houvesse depressão, ou sei lá o que me acomete. Então, acabo saindo tarde da cama, não produzo nada durante o dia e  sinto mais angústia ainda, por estar sendo incompetente. Aí o peito arde de dor, a situação piora devido a esse sentimento de inércia, por não conseguir reagir. Dessa vez, eu não estou conseguindo reagir. Aquela voz interior que fala comigo e que me dá forças positivas, que me faz levantar da cama, se calou.   Eu gostaria de ir para perto de Deus, de morar no céu ou em qualquer outro lugar em que eu não sentisse mais isso, nunca mais. Percebi que vivi a vida inteira assim, no entanto nunca como agora. Estou muito cansada. Se tivesse um botão de off com o qual eu pudesse me desligar, já teria feito isso. No entanto, penso no sofrimento das pessoas que me cercam, nos filhos, no marido, basicamente. Eu gostaria de poder minimizar a dor que isso causaria. Coloco a culpa em mim, parece que sou eu quem não consegue viver, que estou assim porque não confio em Deus, que tenho um estilo de vida que não posso suportar. A sensação de incompetência por não conseguir sair disso acaba comigo. Estou no fundo do poço e não há corda para me tirar de lá. Tamparam o poço e eu fiquei na escuridão, em profunda aflição, com uma dor no peito horrível, uma angústia. Eu não sei. Queria conseguir explicar isso, mas não consigo exteriorizar. Queria conseguir passar para as pessoas como é essa dor, mas não dá, o que posso tentar dizer é isso. Minha filha está abandonada, tampouco ao cinema consigo levá-la. Tento ir para o computador, trabalhar, mas não sai nada. Às vezes consigo um pouco de reação num dia, mas no outro caio novamente. 

A lamotrigina não está mais surtindo efeito e ainda parece causar estragos em meu estômago. Precisei consultar um gastroenterologista e ele constatou, depois de uma endoscopia, que minha situação psicológica é a causadora de todo o mal que está me acometendo. Achei o médico incompetente, fiz tratamento para H. Pylori e achei que era essa bactéria que estava me causando mal. Os sintomas voltaram, passo o dia todo arrotando, pois todo meu sistema gástrico não consegue funcionar direito. Ele receitou Somalium por 10 dias, que não tomei, naquele momento. Meu Deus! Será que o médico tinha mesmo razão? Acabei pegando o remédio e tomava em noites que percebia que não ia mesmo suportar. O remédio acabou. 

As férias enormes de minha filha ajudaram muito nesse processo. Ficar longe do meu marido é arrasador. 

Se é para viver assim, melhor não viver. 

Aurora