quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Crise psicótica sexual

Primeira parte

Eu caí e caí feio. Me esborrachei no chão. O cristal caiu e se espatifou em mil pedaços. Estou vivendo uma montanha russa como nunca havia vivido. Coisa de louco. Ou melhor: de bipolar. Se eu ainda tinha alguma dúvida, agora não tenho mais. 

Antes de sábado, 16, fui ao fundo do poço com minha depressão. A vida se esvaziou completamente. É como se os hormônios tivessem corrido de mim, fugido lá para o deserto do Saara. O que ficou foi nada; apenas um buraco, um oco, um vácuo. Como levantar nessas condições? Com que forças? E ainda sozinha nessa cidade, sem ninguém, nem amigos? Cada um está voltado para sua própria vida e não tem tempo para os outros. Só quem tem essa doença sabe o que estou realmente sentindo.

Então, aconteceu o seguinte, de repente: sábado passado, 16 de fevereiro, final da tarde, depois de um dia de cama e de depressão, e de uma raiva/frustração pela qual passei (conto sobre ela depois), vou para o computador e vejo um filminho de sexo, na verdade um flagra, de um casal transando na água, em pleno Rio das Ostras, no meio de uma praia totalmente lotada. Estava estampado em todos os jornais. Alguém filma, é claro. O meu tesão foi nas alturas e esse vídeo disparou a vontade de ver outros vídeos da mesma espécie. Foi o que fiz: fui à cata de vídeos e mais vídeos. Descobri uma série de transas nos big brothers de outros países e um do BBB da Argentina que me deixou louca. Fui assistindo e assistindo outros, cada vez mais interessada. Meu marido entra no skype, à noite, e depois que a menina foi dormir, fizemos sexo virtual. Mostrei a ele tudo o que tinha direito, com a câmara bem de pertinho. Peguei o vibrador que tenho em casa (a essa altura eu já estava com ele há um certo tempo) e simulava o ato sexual, introduzindo e tirando, em frente à câmara. Coloquei o computador na cadeira, bem em baixo das minhas pernas, para que ele tivesse um ângulo bom. Do outro lado, ele me mostrava tudo o que tinha direito também. E o pênis dele é de enlouquecer. Na tela, fica maior ainda.

Ocorre que esse tipo de coisa é de  matar qualquer um. Você quer a pessoa ali, você quer a pegada, o peso do corpo em cima de você e nada substitui isso. É frustrante! É horrível!

Depois que ele se foi, eu continuei nos vídeos. Nada me sossegava. Fiquei até altas horas. O vibrador sendo usado o tempo todo. Eu me masturbando e gozando o tempo todo também. Descobri que o escritório é ótimo para essas coisas. Vou descrever a cena: tiro a calcinha, sento em uma cadeira em frente ao computador, abro as pernas, ponho a perna esquerda em cima da mesa e começo a me masturbar assistindo aos vídeos. Massageio o clitóris, enfio o dedo, o vibrador, numa loucura ensandecida, numa vontade louca, mas muito louca, de sexo e mais sexo e mais sexo, mas real. Queria que vários homens estivessem numa fila para transar comigo, nessas ocasiões.

No domingo, a mesma coisa. Não consegui me concentrar em nada. Não trabalhei, não cozinhei, abandonei tudo. Só pensava em sexo e em ir para a cadeira, em frente ao computador, abrir as pernas e me preparar para a molhadeira.

Desde então, estou pensando em sexo 24 horas por dia. Na segunda, em pleno dia de trabalho, assistia a vídeos com a empregada em casa. Perdi o controle. Mas o pior estava por vir. Ontem, terça, fiquei até 03 horas da madrugada em minha cama, com o ipad, assistindo a vídeos de sexo. Meus preferidos são os vídeos de flagras: quando alguém filma um casal transando na rua, no escritório, com câmara escondida. Fiquei louca, louca, tarada. Eu queria sexo, muito sexo, mas não tinha ninguém para fazê-lo comigo. Quanto mais eu pensava, mais louca ficava. A vagina pegava fogo, virou uma fornalha ardente, mais parecia larvas de um vulcão. Desde então, comecei a gozar ininterruptamente, sem parar mesmo, por horas a fio. E a vagina, portanto, ensandecida, louca por uma  pênis de verdade que a penetrasse sem parar, em todas as posições possíveis, em todas aquelas que vi nos filmes.

Hoje, quarta-feira, a coisa atingiu o ápice do problema. Veja que já estamos na quarta-feira e desde sábado que estou paralisada pelo sexo. Eu não tinha aula nesse dia e à tarde, depois de deixar minha filha no colégio, voltei para casa e fui para a internet. Eu estava louca pela internet. Mas sabem por que? Por que minha vagina estava pegando fogo e eu precisava fazer isso. Voltei pra casa a mil por hora, sem nem ver as ruas por onde dirigia. Eu só pensava naquilo. Sentei na cadeira por volta de 13:15 h, já sem calcinha, me coloquei na posição que mencionei acima, e de lá não saí mais até às 18:00 horas. Pasmem! É isso mesmo, fiquei me masturbando por praticamente 05 horas. Saí uma única vez para fazer xixi, por uns segundos e foi tudo. Fiquei ensopada nesse período todo e o produto dos meus orgasmos ininterruptos banhava os meus dedos, os quais eu precisava enxugar com uma toalha de papel. Jorrava fluido por todos os lados. Massageava meu clitóris vorazmente, e a cada vídeo de flagra de sexo que eu assistia, gozava mais e mais, mais e mais. Quando deram 18:00 horas, eu precisava ir buscar minha filha e fiquei nervosa por ter que sair da internet. Eu queria continuar ali. Durante todas essas 05 hora,s a vagina em chamas e latejante. Pulsava, louca e louca. Me desliguei do mundo, não fiz nada, não trabalhei, as camas estão por arrumar, a pia com louças para lavar, e eu só queria assistir aos vídeos e me masturbar. Mas masturbação nunca resolveu o meu problema. Eu preciso de pênis real entrando. Só ele dá um basta nessas crises. E tem que ser várias vezes, uma só de nada adiante.

Agora são 20:30 minutos. Estou me sentindo mal por nada ter feito, pela minha vida estar paralisada desse jeito. Meu marido não pode vir para cá nas próximas semanas e eu não posso ir pra lá, porque tenho o compromisso do trabalho e da escola da menina. Vou ter que esquecer tudo isso. 

Segunda parte

Agora, esquecendo a vagina em chamas (que continua, por sinal), prestem atenção: 

Tudo isso que escrevi e que fiz questão de relatar acima faz parte de um pico maluco que estou tendo, fruto, eu acho, da doença bipolar. Já tive vários surtos assim, mas meu marido estava na cama ao lado para acalmar a situação. Às vezes ele não dava conta, mas nunca disse isso a ele, porque não era culpa dele. Quando esses surtos aparecem, tenho vontade de transar no mínimo umas 03 vezes por dia. Meu corpo pede isso e ele não transa 03 vezes por dia, porque está no trabalho e mil coisas. Bom, o que acontecia é que minha vontade não passava. Mas, agora, estou sem ninguém por perto. Tudo isso que relatei, imagino, não é nada normal. Não pode ser. Isso é demasiado. Talvez eu esteja errando ao assistir aos vídeos, pois eles estão intensificando o problema. Mas os estou assistindo por desejo, para tentar saciar a sede incontida que estou sentindo por sexo. Aí estou entrando num círculo vicioso. Vejam o que essa doença é capaz de fazer. Portanto, não julguem mal o meu relato. Eu quis transmitir uma realidade. A coisa podia ser pior ainda: caso eu tivesse por aqui algum affair, um amigo mais especial que estivesse me cantando, é provável que eu não resistiria (?). Não sei. Sorte não ter ninguém, porque seria arrependimento na certa, se ocorresse alguma coisa, quando o surto tivesse passado. Nunca tive ninguém além de meu marido, nesses 17 anos. Mesmo com os surtos.

Olha até que ponto chega essa doença. Estou tentando consulta com minha psiquiatra, mas me deparei com uma agenda lotadíssima dela. Enviei e-mail e ela que disse que tentaria adiantar a consulta que seria dia 18 de março. 

Sobre o acordar cedo e a vida regrada? Diante de tudo isso que relatei, um fracasso. Estou acordando perto das 11:00 da manhã. Hoje, como a bateria do ipad terminou às 03:00 da madrugada, e peguei no sono com stilnox por volta de 03:30h, consegui sair da cama às 11:05!!!! Deprimida, acabada. E à tarde, voltei para a internet. Agora, como estou? Me sentindo um lixo. Estou tentando escrever isso para ver se consigo cair em mim. Onde está a Aurora? Foi tomada pelo sexo. Eu preferia morrer a passar por tudo isso. 

Eu daria tudo para ser um ser humano normal. Não há vida nessa doença. 

Aurora 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Eu tenho que sair do marasmo

De fato acordei antes da empregada e estava pronta quando ela chegou. Dei as ordens e saí mais cedo para a aula, pois tinha que providenciar uma série de xerox para aquele dia. A quinta-feira foi cheia de aula e me cansei. Ao cair da noite, ainda tive que corrigir um trabalho de aluno em processo de monografia e o esforço foi grande. Na sexta, tinha reunião na universidade e fui ficando muito cansada muito cansada. Nela, se decidiria quem assumiria determinado posto, mas precisei me manifestar e dizer que eu não poderia assumir nada em 2013. Caí em depressão. À tarde, os afazeres continuaram, e à noite me joguei em frente à TV e lá permanecei até quase duas horas da madrugada. Ainda fui para o computador fazer uma pesquisa sobre uma instituição religiosa que comecei a frequentar, sem saber do que realmente se tratava. É que havia ido apenas à dois estudos bíblicos em casa de fiéis, a convite, e não me inteirei da organização. Foi decepcionante, pois descobri do que se tratava. Precisarei pesquisar muito ainda. Quando me deitei, eram por volta das 02:30 e ainda tive dificuldade para dormir, com a soma de vários outros problemas que eu, sozinha aqui, tenho que resolver por conta própria. Abri os olhos às 08:20 e estava como? Naturalmente exausta e em profunda depressão. Tentei dormir mais um pouco, mas não consegui. Rolei na cama até bem mais tarde. Fui até a cozinha e por conta própria tomei 100 mg de lamotrigina, a revelia da psiquiatra, novamente. Voltei para a cama para o remédio fazer efeito. Somente às 10:30 melhorei um pouco e levantei. 

Assim tem sido minha vida e não estou nada contente com ela. Nunca consigo me estabilizar. Estou muito cansada dessa vida e queria que ela terminasse. Pensei novamente em dar um basta nela e penso que já fiz tudo o que tinha que fazer por aqui. Já posso morrer. Pra quê continuar vivendo assim? Qual a graça? Qual a graça em viver longe de meu marido e de minha querida cidade? Não faço outra coisa aqui, onde estou, a não ser trabalhar e trabalhar. Não há vida, não há lugar para ir, não há nada, somente o computador e um monte de artigos para serem escritos, aulas para serem preparadas e trabalhos intermináveis de alunos para serem corrigidos. 

Minha cidade ficou do outro lado do skype. Minha vida ficou do outro lado do skype, virtual. Mas  se eu voltar para ela, não tenho como pagá-la. Fico torcendo para um enorme asteroide cair sobre a terra e acabar com tudo isso. Caiu um na Russia há 02 dias, mas realmente o que eu queria é que ele fosse gigante e terminasse com mais da metade da terra. Aqueles que restassem, teriam que viver uma nova vida, pois esse sistema cruel não seria mais possível. 

Quis escrever essas linhas, agora, sábado, para ver se me animo e se pego a agenda e tento dar um jeito na minha vida. Mas costumeiramente eu entro em depressão e a agenda dura, agora, não mais do que algumas horas. Mesmo assim, vou tentar pegar a agenda. Eu queria muito que desse certo. Eu só queria viver em minha cidade e poder pagar por ela, sem medo de não poder mais, tendo condições infinitas e seguras de pagar por ela, tipo uma aposentadoria. Ou, com um emprego razoável que me trouxesse segurança. Só isso. Só isso. Estou chegando a conclusão de que planejei mal a minha vida. O que imaginei que estaria acontecendo nesse momento dela não aconteceu e a frustração é do tamanho de júpiter. Eu calculei errado. 

Vou tentar pegar a agenda. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

De 26/01/2013 a 12/02/2013

Por volta de 26/01, eu já estava melhor. Recebi um e-mail da segunda pessoa puxando minha orelha pelo que fiz, mas ela não o fez da maneira terrível que pensei que faria. Eu precisava continuar e, como disse, eu sempre procuro continuar. Eu tento, tento, tento, tento, tento... sempre em busca da vida, querendo realmente ser feliz e ter paz de espírito. Por isso eu procuro melhorar minha qualidade de vida, tentando desesperadamente acordar cedo, dormir cedo e ser o mais produtiva possível durante o dia. 

Passei dias incríveis, nesse período do título, exposto acima. Festa na cidade dos meus sonhos, ainda em férias, embora já  com afazeres do trabalho (sou professora universitária, adjunta, de uma universidade estadual de uma cidade do interior, longe, muito longe da minha cidade querida). Continuando: assisto shows, vou ao cinema e perambulo muito pelo shopping no qual me sinto bem. Compro bastante. Tudo isso na companhia de uma querida amiga de longa data. O que eu poderia querer mais? Esse é o problema: a única coisa que eu sempre quis é viver para sempre nessa cidade, até o dia da minha morte. Mesmo assim, quero continuar nela, pois é lá que quero ser enterrada. Se nos próximos anos eu decidir que devo ser cremada, é lá que pedirei para jogar as minha cinzas. Já tenho até o lugar. Ele fica em um marco da cidade, bem no seu coração. Então, eu permaneceria para sempre no coração dessa cidade. 

Dia 30 viajo para uma cidade do Nordeste, na qual teria um congresso. A família aproveita, vai junto e passamos dias maravilhosos em um resort. Mas não esqueci um só dia da lamotrigina, o tratamento contra esse mal horrendo, que é a depressão. Hoje estou com 75 mg. Mas no auge da crise, em janeiro, quando recebi o segundo e-mail, tomei por conta própria 100 mg, por duas semanas. Mas fiquei com a consciência pesada, por ter feito isso a revelia da minha psiquiatra, e voltei para as 75. 

O que é melhor: não senti depressão nesses dias de glória. Como seria bom se a vida fosse sempre assim!!! Eternas férias!!! Dormir e acordar sem preocupação, apenas vivendo. Tomar café, fazer ginástica, o almoço, o filho na escola, o entardecer em casa, o marido chegando, a noite agradável. Viver, só viver. 

Mas a vida não é uma eterna férias. Estou de volta à cidade do interior, distante, muito distante, e amanhã encaro três salas de aula. A vida não dá trégua. O pior de tudo isso é que fui eu mesma que escolhi assim. Deus me deu uma outra oportunidade no passado, mas eu escolhi assim. Agora eu tenho que amargar a minha escolha, calada, sem dizer nada. Cheguei e tive uma noite terrível, mal dormida, com pesadelo. Em um determinado momento, acordei e não sabia onde estava direito. Dei-me conta de que estava de volta, sozinha, sem meu marido amado, que voltou para a cidade querida, já da cidade do nordeste onde estávamos, para trabalhar e levar a vida. Então eu sofri e me deu uma tristeza medonha, avassaladora. Meu mundo se fechou. Meu mundo se fecha aqui. 

2013 está todo pela frente. Eu não sei como ele será. Só sei que a dor que sinto por estar longe de minha família é pesada demais. Estou aqui para ganhar a vida. De todos os castigos que Deus impôs ao homem, com a desobediência do primeiro casal, esse é o pior de todos: tirarás seu sustento da terra com o suor de teu rosto. Nós estamos aqui para viver, mas precisamos pagar por isso. Essa dádiva que recebemos por termos ganhado a vida não foi de graça, pois temos que trabalhar para viver, temos que pagar por estarmos aqui na Terra. Sem dinheiro, morremos de fome e não podemos ficar aqui. Passamos 80% do nosso tempo na Terra trabalhando para pagar a vida que herdamos. Que Deus me perdoe, mas me recinto demais por isso. E agora essa necessidade dói mais do que nunca. 

Amanhã, eu vou tentar acordar às 07:30. A empregada chega às 08:00 e quero estar de café tomado e já arrumada para a aula, que é às 09:20 h. Todas as vezes ela me pega de pijama ou ainda na cama. Eu abro a porta para ela, às 07:45 e volto para a cama. Via de regra apenas saio dela às 08:20/08:30. Aí tenho que me arrumar correndo, comer qualquer coisa, nunca pensada, e sair. Essa é minha vida, e agora, com a vida que tenho, tudo piorou muito. É aí que não tenho mesmo mais vontade de nada. Amanhã, dia 14, quero que a empregada me encontre de pé, arrumada e pronta para recebê-la. Já basta com isso. 

Tudo o que posso prometer para amanhã é isso. 

Aurora