quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

De 26/01/2013 a 12/02/2013

Por volta de 26/01, eu já estava melhor. Recebi um e-mail da segunda pessoa puxando minha orelha pelo que fiz, mas ela não o fez da maneira terrível que pensei que faria. Eu precisava continuar e, como disse, eu sempre procuro continuar. Eu tento, tento, tento, tento, tento... sempre em busca da vida, querendo realmente ser feliz e ter paz de espírito. Por isso eu procuro melhorar minha qualidade de vida, tentando desesperadamente acordar cedo, dormir cedo e ser o mais produtiva possível durante o dia. 

Passei dias incríveis, nesse período do título, exposto acima. Festa na cidade dos meus sonhos, ainda em férias, embora já  com afazeres do trabalho (sou professora universitária, adjunta, de uma universidade estadual de uma cidade do interior, longe, muito longe da minha cidade querida). Continuando: assisto shows, vou ao cinema e perambulo muito pelo shopping no qual me sinto bem. Compro bastante. Tudo isso na companhia de uma querida amiga de longa data. O que eu poderia querer mais? Esse é o problema: a única coisa que eu sempre quis é viver para sempre nessa cidade, até o dia da minha morte. Mesmo assim, quero continuar nela, pois é lá que quero ser enterrada. Se nos próximos anos eu decidir que devo ser cremada, é lá que pedirei para jogar as minha cinzas. Já tenho até o lugar. Ele fica em um marco da cidade, bem no seu coração. Então, eu permaneceria para sempre no coração dessa cidade. 

Dia 30 viajo para uma cidade do Nordeste, na qual teria um congresso. A família aproveita, vai junto e passamos dias maravilhosos em um resort. Mas não esqueci um só dia da lamotrigina, o tratamento contra esse mal horrendo, que é a depressão. Hoje estou com 75 mg. Mas no auge da crise, em janeiro, quando recebi o segundo e-mail, tomei por conta própria 100 mg, por duas semanas. Mas fiquei com a consciência pesada, por ter feito isso a revelia da minha psiquiatra, e voltei para as 75. 

O que é melhor: não senti depressão nesses dias de glória. Como seria bom se a vida fosse sempre assim!!! Eternas férias!!! Dormir e acordar sem preocupação, apenas vivendo. Tomar café, fazer ginástica, o almoço, o filho na escola, o entardecer em casa, o marido chegando, a noite agradável. Viver, só viver. 

Mas a vida não é uma eterna férias. Estou de volta à cidade do interior, distante, muito distante, e amanhã encaro três salas de aula. A vida não dá trégua. O pior de tudo isso é que fui eu mesma que escolhi assim. Deus me deu uma outra oportunidade no passado, mas eu escolhi assim. Agora eu tenho que amargar a minha escolha, calada, sem dizer nada. Cheguei e tive uma noite terrível, mal dormida, com pesadelo. Em um determinado momento, acordei e não sabia onde estava direito. Dei-me conta de que estava de volta, sozinha, sem meu marido amado, que voltou para a cidade querida, já da cidade do nordeste onde estávamos, para trabalhar e levar a vida. Então eu sofri e me deu uma tristeza medonha, avassaladora. Meu mundo se fechou. Meu mundo se fecha aqui. 

2013 está todo pela frente. Eu não sei como ele será. Só sei que a dor que sinto por estar longe de minha família é pesada demais. Estou aqui para ganhar a vida. De todos os castigos que Deus impôs ao homem, com a desobediência do primeiro casal, esse é o pior de todos: tirarás seu sustento da terra com o suor de teu rosto. Nós estamos aqui para viver, mas precisamos pagar por isso. Essa dádiva que recebemos por termos ganhado a vida não foi de graça, pois temos que trabalhar para viver, temos que pagar por estarmos aqui na Terra. Sem dinheiro, morremos de fome e não podemos ficar aqui. Passamos 80% do nosso tempo na Terra trabalhando para pagar a vida que herdamos. Que Deus me perdoe, mas me recinto demais por isso. E agora essa necessidade dói mais do que nunca. 

Amanhã, eu vou tentar acordar às 07:30. A empregada chega às 08:00 e quero estar de café tomado e já arrumada para a aula, que é às 09:20 h. Todas as vezes ela me pega de pijama ou ainda na cama. Eu abro a porta para ela, às 07:45 e volto para a cama. Via de regra apenas saio dela às 08:20/08:30. Aí tenho que me arrumar correndo, comer qualquer coisa, nunca pensada, e sair. Essa é minha vida, e agora, com a vida que tenho, tudo piorou muito. É aí que não tenho mesmo mais vontade de nada. Amanhã, dia 14, quero que a empregada me encontre de pé, arrumada e pronta para recebê-la. Já basta com isso. 

Tudo o que posso prometer para amanhã é isso. 

Aurora



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