quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O início da caminhada

Iniciar  um blog já era um desejo. No entanto, imaginava fazê-lo para discutir temas mais profícuos (frutíferos) do que o tom de diário. Imaginei-me fazendo uma pesquisa, me inteirando cada vez mais do "tema profícuo" para poder postar. Ainda não será dessa vez; o tom de diário ganhou necessidade, necessidade gerada por um problema que me persegue desde que tenho consciência da minha existência (estou com 44 anos): eu não consigo levantar da cama pela manhã com satisfação; levantar é sempre um martírio; talvez seja uma fuga: ao dormir, o mundo não existe - ao acordar, a vida precisa ser encarada. Eu peito a vida de frente, embora já esteja cansada, mas quase nunca (excetuando quando viajo em férias) levanto bem. É uma luta diária, a cada manhã. Nunca sou feliz quando abro os olhos. Então, para começar o dia, incia-se a luta para sorrir, para trabalhar, para me manter de pé. Essa condição tem piorado à medida que o tempo passa, particularmente dos 38 anos em diante. Ultimamente, tem atingido níveis insuportáveis. Eu tenho querido não abrir mais os olhos, já pedi a Deus para cerrá-los definitivamente para não ter mais que abri-los. Pedi perdão a Ele, mas a dor que tenho sentido é insuportável. Viver assim não vale a pena. Se eu tivesse um botão literal de "off", já teria me desligado. Não o tenho, e meu medo, meu sincero medo, é que eu acabe fazendo isso pelo suicídio, qualquer dia desses.

Antes de continuar, deixe-me esclarecer como cheguei ao título desse blog. Eu queria um nome que tentasse traduzir a dificuldade de acordar pela manhã. Passei o dia inteiro de ontem pensando em possibilidades e a única que era reincidente era "a bela adormecida". Mas a referência à história infantil é muito comum e eu queria algo melhor. Depois pensei em iniciar com "amanhecer", "manhãs", mas também desisti. Aurora nos remete a amanhecer e gostei do nome. E "Perdida" porque perco todas as manhãs, se posso. Invariavelmente, levanto -me da cama lá pelas 10:30 e as manhãs escorrem por entre meus dedos. Ou melhor, não há manhãs.  Portanto, "Aurora Perdida" (eu perco todas as manhãs, razão da existência do blog). Foi assim que nasceu o meu título e qualquer semelhança é mera coincidência. Explico isso de antemão, porque ando chocada com o ser humano a esse respeito. Não duvido que possa aparecer alguém ainda nesse mundo reclamando direitos até de palavras que são de domínio público. Como viveria o poeta?

Para não ficar restrita ao tom confessional, quero trazer aqui olhares meus sobre o mundo, como uma espécie de crônica. Porém, todos os motivos convergirão para as manhãs horríveis. As crônicas surgirão porque uma manhã dessas a evocou, porque serão uma consequência do "acordar tarde". O pior de tudo é isso: tem consequências, e sérias. Quantas coisas na vida se perde começando o dia às 10:30/11:00 horas! Quantos desfechos desagradáveis! Quantas melhorias poderiam ser feitas! É isso que quero discutir aqui: as consequências, para deixar bem claro para para mim mesma (aqui revelo meu sexo, não há jeito) que esse hábito está me prejudicando enormemente. Talvez encarando o problema diante da rede inteira, eu o resolva. Será?

É meu interesse, também, discutir cientificamente o problema. Toda vez que ler um artigo interessante, uma matéria no jornal a respeito, vou discuti-la. Ainda, pretendo discutir os métodos que adotarei para "resolver" o dilema.

Um filme a que assisti em 2009 me motivou a escrever o blog: Julie & Julia - desde essa data, tenho pensado em começar um. Para quem o viu, Julie, cuja vida andava muito pacata, resolveu fazer em casa uma receita por dia de um livro de culinária da renomada autora Julia Child, também muito conhecida nos Estados Unidos por protagonizar programas de culinária que se tornaram célebres no país.  Julie passou a postar suas experiências na elaboração dessas receitas, muitas delas difíceis de fazer, pois eram sofisticadas. Pronto! Ela encontrou um motivo para viver: durante 365 dias, Julie tinha a obrigação com seu blog de relatar sua experiência diária na cozinha. Virou filme!!! Não tenho pretensões de que minha experiência vire filme; se eu passar a ser feliz pela manhã, terei alcançado meu objetivo. É só isso.

Por último. Tenho problemas com depressão? Sim, a vida toda. Carrego uma herança genética terrível, avassaladora. Aos poucos, vou discutindo tudo isso aqui. Felizmente, como leio muito e estudei muito, me informei sobre isso e tenho consciência de mim (até demais para o meu gosto). Lutei a vida inteira para não deixar essa herança horrorosa se sobressair. Mas, nos últimos anos, ela tem posto suas garras de fora. Só então, procurei ajuda médica.

Aurora

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